À Perder-se de Vista
Senti tua presença viva num dia qualquer desavisado
Como pós-chuva que desnuda céu multicolor de escárnio belo
Daqueles que inocenta a ironia e as botas encharcadas
Desses que ressurgem infância com nostalgia
Após teu toque desejei posteridade
Quis averiguar sorte, prolongar surpresas,
Certificar o gosto, testar a miopia em diagnóstico
Nada desanimava
Os dias ligeiravam como lembrança de bom paladar
Construíam novas interrogações
Tal qual história que empolga e não termina
Adia o derradeiro, emenda em novo começo
Ousei criar letras, participar, tomar controle
Indicar vírgulas, exclamações, aspas...
Hoje, réu confesso,
Me perdi no labirinto das entrelinhas
Nas armadilhas doces que se oferecem e recompensam o perigo
Abandonei o combate por incapacidade de não entrega
Rendido pela suavidade do desejo
E contagiante alegria de espírito