Flor de Carne
Você é flor de carne,
No meu coração de músculo.
Por ti dou risada de gengivas,
Arreganho dentes amarelos,
Solto gotículas de saliva.
Despenteio os cabelos soltos,
Choro lágrimas doces,
Me sinto vivo, ainda que esteja morto.
Ainda que viva a eternidade,
Jamais deixarei de ser seu túmulo.
Abraços de braços esticados,
Dedos ávidos por uma pele macia,
Olhos por ti vidrados.
Aroma de suor com perfume,
Secreções que me inundam,
Organizo esperando que desarrume.
Poetas que buscam uma verdade,
Quando amar é um simples absurdo.
Abre as pernas para me oprimir,
Pois essa ditadura eu desejo,
Beijos serão a saudação que iremos transmitir.
Fecha-me nesse peito,
Onde o leite que derrama,
Nutre-me por inteiro.
A fonte de toda mocidade,
Consiste em extasiar-se diante do mundo.
Quantos colos me acolheram,
Com joelhos dobrados,
Formigando traseiros que doeram.
Mecha que é franja,
Pendurada sobre a testa,
Feito capilar lâmina.
Diz-me por caridade,
Existe sentimentos mais confuso?
Cílios pestanejam as pálpebras,
Umedecendo as pupilas,
Sobrancelhando invejadas cátedras.
Dorso que é rampa que se lança,
Mostrando flancos em que estaciono,
Amantes de uma acasaladora dança.
Pede-me uma novidade,
Pois abuso do uso do desuso.
Furando seu umbigo,
Para chegar ao útero,
Onde faço abrigo.
Inundado por esse sangue,
Ovulante fonte de vida. Diga-me:
— Ferida de amor há que estanque?
Jamais fale de possibilidades,
A quem não acredita no futuro.