BEM DE AMOR
BEM DE AMOR
Se eu morrer, que seja de amor
excessivo, abusivo, abundante,
em qualquer canto improvisado,
num jadim de versos floridos,
antes de que se possa supor,
em uma manhã chegante,
sob um respeitoso sol,
triste e nublado,
sem dor, de improviso, exaurido;
melhor que viver desamado;
abusando de absinto,
num poço de melancolia,
vagando por becos extintos,
permutando a noite pelo dia,
vertendo mil lágrimas;
esperando um milagre;
cultuando a miragem.
do ser que amo; senhora
do meu tempo, meu templo.
tênue tempestade, presente
em mim.
[gustavo drummond]