Do fluxo eterno de todas as coisas
Caindo em meio aos dias as sombras chamam
O Paraíso que acolhe no alto da montanha
No descer das águas que escorrem
É vida que se renova, que vai e que vem
É homem que é parte de tudo
E parte a cada segundo, banhado no devir
Como a água que desce de cima da pedra
Como a chama que queima infinitamente finita
É homem , é fogo é terra e ar
É tudo que se contempla nos olhos da mais pura criança
Que vê seu reflexo, pintado na poça da vida
Enquanto olha, já não é mais o que era
A criança cresceu e se tornou homem
Do mesmo reflexo, da mesma água
Da mesma vida que corre enlouquecida
Por sons, sabores, imagens, anseios...
E enquanto corre vai deixando a vida pelo caminho
E a poça vai secando até restar somente areia
Onde a imagem não mais reflete
E o homem por ser o mesmo, é outro
Talvez se visse, não reconheceria a própria face
Que o tempo moldou com suas garras afiadas
O menino agora, é senhor de sua era
Os olhos que antes brilhavam estão ofuscados
Pelo desfecho da existência, as pálpebras se deitam
E o menino, agora é ar, terra, fogo e alma. Tudo o que sempre foi