Do fluxo eterno de todas as coisas

Caindo em meio aos dias as sombras chamam

O Paraíso que acolhe no alto da montanha

No descer das águas que escorrem

É vida que se renova, que vai e que vem

É homem que é parte de tudo

E parte a cada segundo, banhado no devir

Como a água que desce de cima da pedra

Como a chama que queima infinitamente finita

É homem , é fogo é terra e ar

É tudo que se contempla nos olhos da mais pura criança

Que vê seu reflexo, pintado na poça da vida

Enquanto olha, já não é mais o que era

A criança cresceu e se tornou homem

Do mesmo reflexo, da mesma água

Da mesma vida que corre enlouquecida

Por sons, sabores, imagens, anseios...

E enquanto corre vai deixando a vida pelo caminho

E a poça vai secando até restar somente areia

Onde a imagem não mais reflete

E o homem por ser o mesmo, é outro

Talvez se visse, não reconheceria a própria face

Que o tempo moldou com suas garras afiadas

O menino agora, é senhor de sua era

Os olhos que antes brilhavam estão ofuscados

Pelo desfecho da existência, as pálpebras se deitam

E o menino, agora é ar, terra, fogo e alma. Tudo o que sempre foi

Guilherme Moura
Enviado por Guilherme Moura em 29/06/2012
Código do texto: T3751208
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