Olhar do Olhar

Olhos que se cruzam,

Entrecruzamento ótico,

Ao se tocarem, mudam,

O caos que se faz lógico.

Espelhos que refletem,

Alteridade mútua em comunhão,

O redor dos vistos desaparece,

Uma nova forma de religião.

Ligados pela luminosidade,

Captando essa relação visual,

Dardos lançados por necessidade,

Estética que figura algo formal.

Laços que se lançam,

Teia de frestas aprisionadas,

Linhas que se inflamam,

Rede de conexões associadas.

Névoa de dedos afinados,

Mãos em cumprimento,

Toque de sutil rastro,

Um tênue envolvimento.

Lacrimejante expressão,

Oásis que recebe Rá,

Vazados por uma dedução,

Intuindo um dispersar.

Sombra luminosa,

Projetada no côncavo,

Chama apetitosa,

Embrulha o estômago.

Ânsia por adentrar,

Explorando ao redor,

Conseguindo insinuar,

Esgueirando-se pelo sol.

Evoluindo pelo encontro,

Uma permuta de frações,

Consubstanciando esse espanto,

Tecendo ínfimas ligações.

Emaranhado bordado,

Trançando uma realidade,

Pontos entrecruzados,

Mesclando uma positividade.

Esteiras retráteis de circulação,

Em um ir e vir contínuo,

Dando ao espaço outra noção,

Distintos em um instante contíguo.

Olho, forma binocular,

Quatro olhos sem óculos,

Dois crânios ao defrontar,

Retinas que tentam um ósculo.