TUDO E NADA

TUDO E NADA

Não tinha muito a dar,

então deu amor;

tinha tanto a receber,

recebeu amor demais

se lambuzou,

se fartou,

se embebedou de amor.

Que tango!...

Que loucura!...

Inventou luas e luar,

Semeou jardim fértil,

Navegou por montanhas

virgens; inacessíveis,

vasculhou as entranhas

do sentimento.

E viveu tudo ...

E viveu nada ...

Foi romântico das raízes

ao topo,

Se fez bobo,

denegrido por muitos,

Nem se importou;

amou além,

amou alguém,

como se fose

primeiro e último

amor de sua vida,

E viveu plenamente,

o sorriso

o tudo

as lágrimas

o nada

o que veio depois...

[gustavo drummond]