É o amor! (Ou será outra coisa?)
Eu digo que te amo e o mar morto ressuscita,
Mas somente para ter o poder de me afogar;
Eu sinto que te amo, com toda a força que me evita
E por isso minha máquina funciona devagar.
Eu vejo que te amo, como quem atrapalha o rumo do mundo
E ouço a natureza gritando-me palavras de baixo calão;
Eu canto que te amo, com uma voz pequena, mas vinda do fundo
De meu emaranhado de nervos, medos e do piegas coração.
Eu penso que te amo e insetos sobrevoam minha cabeça,
E seguindo meu instinto, inutilizo todos os poemas de amor;
Eu minto que te amo e nisso vive toda a minha cega crença,
A mentira mistura-se e confunde-se com aquilo que não sou.
Eu grito que te amo e os pássaros despencam do céu,
Não morrem, olham meu vulto e zombam de minha demência,
Eu juro que te amo e meu grito encaixota-se e vai para um museu
Onde está em exibição a tua magnífica e fria estátua de ausência.
Eu rabisco que te amo, com letras vivas, em paredes transparentes
E os pedestres passam e ouvem meus traços, que para ti são só riscos,
Eu insisto que te amo e, sem motivos, sinto-me indigno e doente,
Mesmo tendo a consciência de que tudo isso é papo furado e dolorido.
16/04/2012