É o amor! (Ou será outra coisa?)

Eu digo que te amo e o mar morto ressuscita,

Mas somente para ter o poder de me afogar;

Eu sinto que te amo, com toda a força que me evita

E por isso minha máquina funciona devagar.

Eu vejo que te amo, como quem atrapalha o rumo do mundo

E ouço a natureza gritando-me palavras de baixo calão;

Eu canto que te amo, com uma voz pequena, mas vinda do fundo

De meu emaranhado de nervos, medos e do piegas coração.

Eu penso que te amo e insetos sobrevoam minha cabeça,

E seguindo meu instinto, inutilizo todos os poemas de amor;

Eu minto que te amo e nisso vive toda a minha cega crença,

A mentira mistura-se e confunde-se com aquilo que não sou.

Eu grito que te amo e os pássaros despencam do céu,

Não morrem, olham meu vulto e zombam de minha demência,

Eu juro que te amo e meu grito encaixota-se e vai para um museu

Onde está em exibição a tua magnífica e fria estátua de ausência.

Eu rabisco que te amo, com letras vivas, em paredes transparentes

E os pedestres passam e ouvem meus traços, que para ti são só riscos,

Eu insisto que te amo e, sem motivos, sinto-me indigno e doente,

Mesmo tendo a consciência de que tudo isso é papo furado e dolorido.

16/04/2012

EDUARDO NEGS CASTRO
Enviado por EDUARDO NEGS CASTRO em 18/04/2012
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