Pra que morrer?
Pra que morrer?
Deixar a vida nos braços do acaso
Calar os sonhos que ainda não aconteceram
Cegar a existência
Em braços cruzados sobre o peito
Pra que ausentar-se da dor?
Pra que cravar um ponto final na história?
Partir e deixar um vazio profundo e ardido
Encher de silêncio a lembrança de quando havia vida
Fazer surgir a saudade incurável da presença
Lágrimas que correm sobre fotos amareladas
Causas do fim, que vem sem avisar
Se anuncia delicadamente, mas não prepara
Quando vem nos atira recordações à mente
Mas nada vai voltar
A presença só vai ficar na lembrança
Agora a cadeira é vazia
Ao abrir o portão, o abraço é da ausência
Só restaram os momentos de quando havia a vida
Do olhar perdido que aos poucos ia me dizendo adeus
Mesmo contra sua vontade a alma cedia ao desgaste do corpo
A luta pela permanência chegava ao fim
A fragilidade decreta a perda
Na minha saudade se fará eterna a tua presença