Sutil Tristeza

E ela, somente ela,

Poderia saber.

Como poderia ser diferente?

Depois de tanto tempo, tanta gente?

Tantas flores mortas na varanda,

Tantas páginas rasgadas no chão,

Palavras como ódio, rancor e amor

Rabiscadas pelas paredes da casa.

O sonho não era mais real

O tempo partido, pelos raios do sol,

Que mesmo, em dias cinza,

Ela insistia em colorir.

Tão amável, tão insuportável,

Visceral, como seu sentimento.

Preso, na jaula do seu corpo,

Tentando fugir, gritar,

Tudo, porém em vão.

Seu coração e seus pulsos

Já estavam a sangrar,

E ali, esquecida e sozinha,

Implorava pela sua volta, sem adiantar.

O sol já se pôs e a lua veio com sua sutil tristeza,

Para lhe acompanhar.