Os poemas da ilusão

I

Encontrei você

Encontrei meu coração

E senti imensa alegria

Como o sol a raiar no nascer do dia

Mas me aguardava grande comoção...

As folhas o vento leva

E nos jardins muitas flores nascem

Todavia por nenhuma nos apaixonamos

Se não nos cativam o coração...

E vi que você era de muitos

Muitos estava em seu coração

E vi você a brincar de ciranda

A cantar enquanto me acariciava a solidão...

O vento veio

Levou tuas folhas

E te fez secar

Mostrar tua cara

Revelar-te

E a rosa que achei que fosses

Eu a vi murchar...

II

Eu sonhei contigo

Desejei-te mais que pude

Desejei que fosses minha vida

Meu sentido e minha estrada

Mas te vi rolar pelas mãos de muitos

E então para mim tornou-te em nada...

Eu não sei ser diferente

Tudo que é de todos

Tudo que é de muita gente

Não pertence-me

Não me pode ser especial

Prefiro o carinho dos cactos

Aos das flores que a todos fazem mal,

Sim,

Pois tudo que é de todos

Não é de ninguém

E eu prefiro cair fundo

Descer fundo

A ficar a margem

Esperando as migalhas

Que possam vim de alguém...

III

O seu carinho

Deve ser prazeroso

Pois tantas abelhas a querer te beijar

E eu abelhudo casmurro

Passando por longe a olhar

Com sede de amor

Mas não desse amor

Que estás a derramar...

O amor do qual tenho sede

É forte

É como a morte,

Difícil de achar,

E quando se encontra

Não se dar mais tempo para desfrutar...

IV

Você foi...

Um sonho que se perdeu

Um espelho que se quebrou

Foi uma imagem que não me refletiu

Uma sobra que não me agradou

Um punhal que me feriu

Um frio que fez gemer minha solidão

Você foi um golpe mortal

No meu coração...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 08/01/2007
Código do texto: T340751
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