Amar é de Corpo Inteiro

Vejo você por partes,

Seu corpo retalhado,

Focando em fases,

Ser fragmentado.

Esses pés que beijo,

Que calçam delicados sapatos,

Chutam uma pedra sem receio,

Caminha para todos os lados.

Esses joelhos belos,

Servem de gangorra a crianças,

Redondos e esbeltos,

Atingem homens sem desconfiança.

Suas coxas saborosas,

Onde as faço de meu colo,

Abertas são ardorosas,

Nelas não sigo protocolos.

Os pelos pubianos,

Mesmo quando os depila,

São penugens que amo,

Indicam além da virilha.

Contorno e chego as nádegas,

Onde usas para sentar,

Eu vejo num ângulo que é sátira,

Lhe faço carícia até arrepiar.

Porque não falar desse ânus,

Que amei sem pudores,

Tão linda mesmo sentada no “trono”,

Amando até órgãos excretores.

Volto para essa vulva,

Um deleite em diversos momentos,

Ali você me usurpa,

Me entrego com desprendimento.

Esse ventre de umbigo delicado,

Cordão umbilical que habitou um dia,

Hoje escorre gotas de beijos molhados,

Uma pequena fonte de alegria.

Essas costas que fazem deslizar as mãos,

Ombros que dão formas magníficas,

Contornos de um dorso que é inspiração,

A ponta dos dedos passa de leve mais com malícia.

Estes seios que enfeitam um decote,

Um dia amamentarão nossos filhos,

Hoje eu os abocanho por pura sorte,

Um busto invejável que não resisto.

Desço para suas mãos,

Delicadas e trabalhadas,

Anéis as enfeitam com emoção,

Com aliança também a farei ornada.

Subo por estes braços,

Pulseiras pendentes,

Neles me enlaço,

Num abraço valente.

Agora avanço a este pescoço,

Carregador de colares,

Um roçar de lábios é pouco,

Provo-o em vários lugares.

Sua boca é difícil dizer pouco,

Profere a fala que pretendo escutar,

A língua estala num ósculo de fogo,

A saliva é néctar que só faço provar.

O nariz bem afilado,

Já ouso que tome meu aroma,

Adentrar seu olfato,

Povoá-la até nas sombras.

Na lateral percebo as orelhas,

Imagino os ouvidos e os sons,

Mergulho na curvatura perfeita,

Tentando me fazer ouvir em tons.

Vejo-me nestes olhos que brilham,

Refletindo a paixão que sinto,

Na retina nossos espíritos se animam,

Quase mergulho nesse reluzente abismo.

Chego no topo dessas madeixas,

Me encaracolando em cada fio,

Se isso é amar de corpo inteiro, que seja,

No dia que te fizeres água, serei teu rio.