O Amor Não Tem Sexo

Oh Amor! Desesperado Amor!

Querem fazer de ti um gênero,

Privá-lo dessa liberdade que é primor,

Preconceitos de pensamento pequeno.

Você abalou os alicerces,

Deste tempos remotos,

Zeus era temeroso desse moleque,

Cupido que flechava corpos.

Um Eros que desde a criação,

Faz avançar esse desejo primeiro,

Potência em constante elevação,

Nunca se dando por satisfeito.

Não queiram dizê-lo apenas divino,

Os homens tem acesso,

Como legado de um Prometeu maldito,

Todos o viverão, independente do sexo.

Amor entre homem e mulher,

Que desde Adão e Eva,

Faz debate onde estiver,

Se é pecado ou coisa certa.

Antes disso, temos Lilith sedutora,

Amando como Vênus voraz,

Fugindo ao estigma de fêmea reprodutora,

Amor além das regras convencionais.

Amores entre homens,

O apaixonar pelo mesmo sexo,

É fogo que também consome,

O coração é como dos heteros.

Mulheres amam-se entre si,

Agregando esse sentir de todos,

Feminino que se faz existir,

Primando revelações além do corpo.

Travestis amantes com seus adornos,

Camuflando genitálias,

Revelando em momento propício ao outro,

Amar é mesmo uma farra.

Transexuais, que cortam aqui,

Outros “colam” ali, uma busca interior,

Refletindo no exterior ao se despir,

Amáveis quanto na época de suas estéticas anteriores.

Hermafroditas, repletos de órgão genitais,

Suspiram com a mesma intensidade,

Aprofundando seus laços relacionais,

Vivendo também dessa cativante liberdade.

Se quiserem fazer de amores divinizados,

Libertem-se desse dogmatismo,

Assumam sem a moral de castrados,

Sejam amorosos longe do extremismo.

Amamos sim os outros animais,

Cada bactéria, vírus, parasita, inseto,

Do micro ao macro ou mesmo em horizontais,

Despertamos essa fonte de inspiração dos afetos.

Pais que amam seus filhos,

Amigos em união calorosa,

Devotos amando em ritos,

Vivos amam mortos com saudade dolorosa.

Karl Marx, porque não dissestes:

“Proletários do mundo, amai-vos”,

Mas dispensando a piedade dos “mestres”,

Algo menos pretensioso, mais voluntário.

Como aquele olhar sobre o filho que nasce,

O animal maltratado num gesto brutal,

A mãe vigiando a cria para evitar desastres,

O beijo de dois apaixonados que é gesto sem igual.

Despojando-se do romantismo trágico,

Pensando em algo além do individualismo,

Por ser mais do que o pressuposto, beira o mágico,

Mas o encanto está em se ver enredado no amadorismo.

Somos amadores, ao mesmo tempo amados,

O olhar brilhando revelando essa vitalidade,

Que percorre tudo que se queira animado,

Já que insuflamos nossa perspectiva, uma eticidade.

Não evoco também esse amor de religião,

De uma pós-vida ou com fins de obter recompensas,

Amamos além de hindus, mulçumanos, cristãos,

Pois já fazíamos antes dessas recatadas crenças.

Amar é não seguir determinações,

Como “amar ao próximo como a si mesmo”,

É simplesmente ter as sensações,

Agindo num ato que de tão forte, beira o desespero.

Respeitemos todas as formas de amor,

Já que vale a ética de amar que é criativa,

Um fazer amando até onde o homem de hoje nunca imaginou,

Tendo como estimulo, a grande amante, denominada... Vida.