Partida

Estou de partida,
não me perguntes o por quê.
Nem eu mesma sei...

Saciei minha vaidade ao som da tua voz
e nas tuas mãos enrijeci meus seios.
Engoli o sabor de todos os teus beijos
na saliva sacrossanta
de um presente sem destino.

Não sei se guardarás na lembrança
a lembrança de mim,
dos meus olhares e do meu sentir.
Mas, pouco importa agora,
pouco agora importa...

Estou de partida,
não me perguntes o por quê.
Nem eu mesma sei...

Nos teus braços soçobrei,
de tua dama desfiz-me em vadia.
Mas, no balouçar dos meus abraços,
em ausente presença o teu sonho voou
e não fostes meu aos meus apelos.

Nos meus momentos de ti
arfei na tua voz, renasci ao teu toque
e fundi-me ao teu corpo.
Mas, nos teus momentos de mim,
não sei o que fui...

Estou de partida,
não me perguntes o por quê.
Nem eu mesma sei...

Não me quero decompor em emoção,
nem cantar ao som de lágrima ferida.
Assim, antes de aprender a amar-te
e de ser teu amor, vou-me embora,
sem nem saber o por quê.

Antes da primavera levar a última flor,
salvarei meu sorriso
e comigo levarei o meu amor,
para inumá-lo no soluço da minha saudade,
sem nem saber o por quê.

Deve ser medo prematuro
de perder-te ou possuir-te... não sei...
Mas, pouco importa agora,
pouco agora importa...

Estou de partida,
não me perguntes o por quê.
Nem eu mesma sei, nem por quais caminhos vou...


Cabo Frio, 3 de outubro de 2007 – 2h53 da madrugada
World Premiere. Barber Adagio for Strings. Toscanini
Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz
Enviado por Sílvia Mota a Poeta e Escritora do Amor e da Paz em 24/10/2011
Reeditado em 20/05/2019
Código do texto: T3294755
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