TU
José Ribeiro de Oliveira
Tu, que antes, para mim nada era
Tu, alheia ao vazio da minh'alma
Tu, em cujo mundo eu não habitava
Tu, que em plano algum da vida me inseria
Tu, que o meu nome jamais chamaria
Tu, que se eu morresse sequer saberia
Tu, que morrerias sem jamais me ver
Tu, que em olhar algum me encontraria
Tu, que nem em sonho me imaginaria
Tu, que a um outro é que pertenceria
Tu, que minha lágrima não derramaria
Tu, de quem saudade eu nunca sentiria
Tu, em cujos braços eu nunca deitaria
Tu, que em meu colo eu nunca sentaria
Tu, de cujo cheiro eu não desfrutaria
Tu, cuja boca eu nunca beijaria
Tu, bela mulher que eu não conheceria
Tu, de cuja descendência eu não participaria
Tu, por quem na vida eu jamais choraria
Tu, cuja família eu conheceria
Tu, que vivendo ou morrendo não me afetaria
Tu, que chorando ou sorrindo eu jamais veria
Tu, para quem eu jamais sorriria
Tu, que nas tuas dores de mim não lembraria
Tu, Para quem o meu afago eu não daria
Tu, cujo carinho eu nunca sentiria
Tu, que nos meus planos não existiria
Tu, que em noite fria não me aqueceria...
Tu, que agora divide o meu leito
Tu, que agora sente o calor do meu peito
Tu, que rege a força do meu coração
Tu, que acabaste com a solidão
Tu, que está presente em toda a minha vida
Tu, que me divide quando há despedida
Tu, que nada eras e que agora és tudo
Tu, que se fez dona desta minha vida
Tu, que agora manda e desmanda em mim,
Me faz sentir que sou feliz assim.