Corpo velho, cajado forte
Uma vida sustentada a bengala
Quão insignificante seria este ser,
Ou seria magistral a força da vara
Sustentando anseios já por padecer?
Se o cajado falasse tão certo diria
Da milha morosa por tempo trilhada
A virtuosa paciência tão pouco encontrada
Certamente saudade ao peito traria.
Olhos mareados: devaneios e amores
Já tão embotados pelos anos de lida
Já tão marejados de lágrimas e dissabores
Tão jovens eram, tão cheios de birra
Agora embaçados de lente ofuscada
Que mostra adiante teu caminho, teu norte
Lembrança alguma deve haver que conforte
Posto aos campos de bola batendo pelada
Tua idade denuncia teu debilitado porte
Carregando-se em suplício como cruz nas costas
Não tem banco de praça que te sirva de encosta
Que pra o corpo fraco restou porrete forte
Mas este bastão é também de qualquer sorte
Um apoio moral além do amparo amigo
Quando estiver de pé, estará ele contigo
Pra te dar arrimo cá na vida ou na morte.
Carlos Roberto Felix Viana