Corpo velho, cajado forte

Uma vida sustentada a bengala

Quão insignificante seria este ser,

Ou seria magistral a força da vara

Sustentando anseios já por padecer?

Se o cajado falasse tão certo diria

Da milha morosa por tempo trilhada

A virtuosa paciência tão pouco encontrada

Certamente saudade ao peito traria.

Olhos mareados: devaneios e amores

Já tão embotados pelos anos de lida

Já tão marejados de lágrimas e dissabores

Tão jovens eram, tão cheios de birra

Agora embaçados de lente ofuscada

Que mostra adiante teu caminho, teu norte

Lembrança alguma deve haver que conforte

Posto aos campos de bola batendo pelada

Tua idade denuncia teu debilitado porte

Carregando-se em suplício como cruz nas costas

Não tem banco de praça que te sirva de encosta

Que pra o corpo fraco restou porrete forte

Mas este bastão é também de qualquer sorte

Um apoio moral além do amparo amigo

Quando estiver de pé, estará ele contigo

Pra te dar arrimo cá na vida ou na morte.

Carlos Roberto Felix Viana

CarlosViana
Enviado por CarlosViana em 16/09/2011
Código do texto: T3223990
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