ABÓBADA

Ele lembrou que já quis, como Ícaro,

Voar pelo céu com asas de cera

“Malditas asas sobre as quais meu sonho jaz...”

E sentiu calafrios sob os lençóis

úmidos de luxúria.

Ele lembrou do tempo e

abraçou reticente o corpo tépido.

O tempo houvera passado

fenecia seu corpo

E crivava o coração de angústia

O tempo não era rápido.

Era tempo, apenas

Inexorável, frio e indiferente,

apenas tempo

Ele notou a luz da aurora

e o giro da abóbada: amaldiçoou as estrelas

“por que não param no zênite?”

Ele lembrou que o céu, como o tempo,

lhe era também frio e indiferente

E observou o corpo escultural

sob os lençóis

“Esta é a abóbada que importa!”

“Premente fazer uma última carícia”

Perdera novamente.

Nascera o dia seguinte...

Nairson Luiz Santos
Enviado por Nairson Luiz Santos em 09/09/2011
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