ABÓBADA
Ele lembrou que já quis, como Ícaro,
Voar pelo céu com asas de cera
“Malditas asas sobre as quais meu sonho jaz...”
E sentiu calafrios sob os lençóis
úmidos de luxúria.
Ele lembrou do tempo e
abraçou reticente o corpo tépido.
O tempo houvera passado
fenecia seu corpo
E crivava o coração de angústia
O tempo não era rápido.
Era tempo, apenas
Inexorável, frio e indiferente,
apenas tempo
Ele notou a luz da aurora
e o giro da abóbada: amaldiçoou as estrelas
“por que não param no zênite?”
Ele lembrou que o céu, como o tempo,
lhe era também frio e indiferente
E observou o corpo escultural
sob os lençóis
“Esta é a abóbada que importa!”
“Premente fazer uma última carícia”
Perdera novamente.
Nascera o dia seguinte...