Embriaguez
Quando em teus lábios tomar
Um cálice fresco de orvalhos
E em tua garganta roçar
Como um frisson de gargalhos
Quando afiliar-se em teu corpo
E fizer de teus nervos frangalhos
Verá que a razão é um porto
Distante dos ébrios encalhos
E a embriaguez te dará poder
Perseverança em rir ou chorar
Desejo aguçado de ir ou ficar
Soberania para amar e sofrer
É quando tão pouco teus olhos vão ver
E teu coração muito menos sentir
É quando a inculta beleza irá se esvair
Pelos poros abertos perfumando teu ser
Em dominante sonolência breve dormirá
Num embalo mortífero, sarcástico, narcótico
Num sonho letal, fatalmente hipnótico
E acordará simplório sobre um mundo a girar
Carlos Roberto Felix Viana