Flor navegante
Que a luz soberana da manhã não tarde
E traga consigo resquícios noturnos,
Que ainda um orvalho goteje soturno
Na flor da face tão fina que arde.
Que flores de outono caiam por toda parte,
Mas a rosa-dos-ventos te dê direção.
Não temas por hora essa vil solidão,
Que o uivo do vento cantando é arte.
Que sejam teus olhos em meio à escuridão,
Faróis que te guiem segura a meu porto.
Que embalem teu sono aromas do horto,
Pois navega na noite contigo meu coração.
Que passem as trevas ao te verem passar,
Resoluta e objetiva do que está por vir.
E que léguas tiranas não ti venham zombar,
Pois chegarás simplória com tua face a sorrir.
Carlos Roberto Felix Viana
"Dedicada a minha amada esposa quando viajava 182 km todos os dias da semana para cursar a faculdade de ciências contábeis."