Debaixo do manto
Hoje minha existência reflete em um espelho quebrado
Vejo vestígios de meu ser, assolados pelo tempo
Olhos ofuscados pelas chamas de minhas angústias
Mãos castigadas pela ausência da carícia
Todas minhas esperanças pregadas em cruzes
Todos meus heróis, enterrados em buracos que eu mesmo cavei
Lembranças ardem minha memória
O sangue acomete-se em minhas veias
Lágrimas de perdão deslizam em minha face
Onde risos blasfemavam minhas virtudes
Injúrias corrosivas me levam ao nirvana
Abro meus braços de joelhos ao chão
Sob teu manto me abrigo
O fogo que cai dos céus não pode me ferir
Teu sopro apaga a chama de minha solidão
Tua presença traz a chuva que lava minha alma