NO VINHO A VERDADE ou "In Vino Veritas"

"In vino veritas",

diziam os romanos,

ao erguerem as taças,

sem lugar para enganos.

Na rubro da taça,

à espreita,

de tocaia,

se escondem

o desejo que arde

e incontáveis acenos

que, na alma vicejam:

impulsos secretos,

que arrastam, feito torrente,

tudo por onde passam,

deixando, depois, a paisagem

estranhamente diferente.

Cada gole

anula

o enfraquecido

pudor

e o pouco

senso

de defesa.

Por que não,

ali mesmo,

na mesa,

deixar fluir o vulcão

que insiste em despertar?

Por que não,

agora,

drenar dos corpos

o tesão

em excesso,

libertando o desejo

que insiste em jorrar?

Depois?

- Depois pode ser muio tarde,

pois, a verdade do vinho

é fugaz,

é breve,

apenas um átimo;

que dura, tão-somente

o tempo que se move,

apressado,

no crepitar de uma chama.

- por José Luiz de sousa Santos, o JL Semeador, na Lapa, de mim e de Manoel Bandeira, numa madrugada de sexta-feira, 29/07/2011 -

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Enviado por jlsantos em 29/07/2011
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