Rapto de Coração

Chegou sem anunciar,

Invadindo minha privacidade,

Sem sequer hesitar,

Adentrou meu peito com voracidade.

Uma gatuna esperta,

Raptou meu coração,

Foi de habilidade severa,

Fez cortar minha respiração.

Ladra profissional de emoções,

Destrancou qualquer segredo velado,

Não deu nem sequer explicações,

Diante de seu ataque me senti pasmo.

Só de aproximar os batimentos aceleravam,

As mãos trêmulas por sua companhia,

Suor brotando por nervosismo dos que aguardam,

Ao mesmo tempo uma imensa alegria.

Furta-me os sentidos em gestos leves,

Perita em questão de se apropriar de mim,

Seduz com toques que faz do meu corpo algo entregue,

Avança fazendo de você o meu único fim.

Queria me resguardar de sua ousadia,

Mas sou cofre aberto e tesouro exposto,

Perco diante desse amor qualquer garantia,

Vivo sem preocupar com algo pressuposto.

Tomou meu coração mesmo deixando-o comigo,

Como se este órgão fosse cão adestrado,

Que agora anda contigo por ter sido convencido,

Restando-me o sentimento de ter sido usurpado.

Carrego este que foi meu e agora se faz seu,

Batendo frenéticamente à sua procura,

Um sentimento que em tempo algum esmoreceu,

Pedindo que sua presença preencha essa lacuna.

Não pesou feito Osíris este coração,

Antes o devorou feito Ammit terrível,

Me tornando fantoche em suas mãos,

Onde com Vodu me tornou perecível.

Não contente apenas em possuir,

Me fez de escravo para teus propósitos servir,

Agora sou este Zumbi a te seguir,

A alma foi levada nessa entrega forçada por ti.

Criminosa sedutoramente cativante,

Perceba o quanto também está dependente,

Somos dois delinquentes de amor delirante,

Movidos por fatos apaixonadamente inconsequentes.