Sol

Todos os dias contemplo esse astro,

Penso em Apolo conduzindo,

O planeta recebe os raios feito pasto,

E nós habitamos, por instinto.

Mas diferente de outros animais,

Aprendi que mais do que pensar,

Temos um outro relevante algo mais,

Podemos também nos permitir amar.

Daí surgiu a analogia perfeita,

Pois quando te via,

As coisas por causa de sua beleza,

Pareciam mais vivas.

Como raios luminosos, tornava nítido,

Chegava modificando minha realidade,

As coisas ganhavam contorno mítico,

Metafísica dos amantes em felicidade.

Como Deméter, minha sensibilidade,

Varia conforma sua presença ou ausência,

Contigo é primavera que gozo com amabilidade,

Sem você é inverno de morte pela não presença.

Meu sol que quando se afasta,

Invadi o peito uma Nuit poderosa,

Sombras pedindo aurora imediata,

O crepúsculo anuncia despedida dolorosa.

Mesmo distante é como eclipse,

Sei que está escondida, mas presente,

Velada sem me deixar muito tempo triste,

Saudade do tão querido e amado ente.

Quando nos amamos,

É sol abrasador que meu corpo consome,

Um só nos tornamos,

Entre gemidos eu clamo por seu nome.

Querem me desesperançar,

Dizendo-me que o sol um dia acaba,

Mas não sou de desanimar,

Minha força está além do pessimismo que abala.

O sol durará milhões de anos,

Quem sabe até lá o chamado homem deixou de existir,

Assim como nosso amor proclamado aos quatro cantos,

Que pela intensidade nunca se renderá ao fluxo do porvir.

E nosso sentimento será de erupções solares,

Lançando radiotividade a outros corações apaixonados,

Seremos amantes de dimensões estrelares,

Criando um Cosmos onde Eros pedirá asilo por tempo indeterminado.