Eu queria
É tão estranho
Não poder me aproximar
E saber do seu dia,
Não saber as coisas
Que te faz pensar
E parar diante do mundo,
Não fazer parte
De tua utopia...
Eu queria decifrar
O teu silencio,
Ouvir a voz do teu pensamento
E ser a hora
Que sentas
Sem nenhuma vontade de seguir...
Eu queria ser os sonhos
Que tens,
Aqueles que ressurgem
Nessas horas
Em que a perda se revela
Com todas as suas faces
Confabulando uma saída
Desse oceano de esquecimentos...
Eu queria ver
Teus delicados anseios
Emergindo das profundezas,
Contrários ao teu cotidiano,
Anuladores das tuas lutas,
Amargos ao teu sorriso fátuo,
Tuas essências,
As vozes da tua alma,
Aparentemente calma,
Aparentemente segura
Na correria dos teus passos...
Eu queria medir
O peso do teu tesouro
Separar os elementos do teu cofre
Entre leves e pesados,
Entre os que foram moldados
De tua matéria,
Tuas jóias mais valiosas
E os que te deram,
Os que aceitastes por pura educação...