Prisioneiro da memória
Inserido na noite
Olho para o céu
E atrás das estrelas a escuridão
Eu me sinto sozinho
E me apego à brisa
E busco nela o teu cheiro,
Entre as tuas lembranças, a solidão...
Prisioneiro da memória
Eu me vejo em folhas
De um caderno do tempo
Esquecido de mãos
Onde está a poesia?
O que foi feito dos versos
Que numa tarde me disse
Que ia escrever
E que nele colocaria
O meu rosto olhando para o seu
Sem que pudesse
Compreender que força nos liga?
Desses temas elásticos
Que ultrapassam nossas vidas
E nos encontra noutras eras,
Buscando uma saída,
Um desvencilhar dos vestígios
Que sempre quiseram nos boicotar
Com suas armadilhas mortais...
Mas nós temos ciência
De que nos conhecemos
Porque nós sentimos
Em nossos corações
Uma força de amor...
Esse mar revoltoso
Que nos tolhe a coragem
Não há de nos controlar,
Porque é imenso o amor
Mais que os oceanos
Maior que nossos danos,
E pode mitigar nossa dor...
Prisioneiros da memória
Nós temos que nos libertar
Assim mesmo
Em nossa fraca união
Se nos dermos as mãos
Nós poderemos vencer,
E vencer é não ficar sozinho
Sentindo o vazio de nossa casa,
Da rua, de nossos corações...
Prisioneiros da memória
Nós temos um ao outro para sempre...