Na eterna Eternidade
“Eu me anulo, me suicido.”
João Cabral de melo neto
Para viver meu sonho
Vazei meus olhos
E desliguei
Meu sistema nervoso central...
Falei com um amigo
Cientista que a esses
Elementos substituiu
Por outros artificiais
Senão como me abrir
Para qualquer emoção?
O coração velho ficou,
Mas me foram as doídas
Recordações que nos vai
Fazendo céticos,
Incapazes de criar qualquer ilusão
Eu perguntei ao cientista
Como funcionaria aquele aparato
E quanto me custaria...
Ele disse depende...
Depende de quem você
Tem no coração para amar,
E não é a mim que pagará,
Mas a esse ser...
Depende desse que amar,
Do amor puro e verdadeiro,
Desses que é quase impossível
De se achar...
A qualquer momento,
Depois de se dispor a isso,
Para você voltar,
Estoure esta bolha de vidro
Que é frágil de quebrar...
Porém que irá se tornando
Mais e mais resistente,
E isso talvez não coisa acontecendo
Que você vá perceber.
Tornar-se-á indestrutível
Se completamente,
De alma, você se envolver...
Então, não é que tenhas
Tu perdido teus olhos,
Nem teu sistema nervoso central,
Mas esses envolverão os outros,
Os artificiais,
E a tua excursão nesse mundo
Que tanto temes se conjuntará,
Formando um só
Com aquele original
Que tu queres resguardar
Com medo de se machucar...
Por outro lado
Se quem amas também te amar,
A bolha por si só se dissipará,
E viverás a realidade,
Ou melhor, o sonho,
Ou ainda, não mais um do outro se diferenciará.
E tu terás júbilos fulminantes
Que cicatrizará toda ferida
E mitigará toda dor
Ou decepção que já sentiste antes
E tu então não envelhecerás mais,
O tempo para ti será
Sempre presente,
Pois um momento delicado
Em eterna eternidade
Transformar-se-á.
Todavia, se não ocorrer,
Não se deixe levar
Por sorrisos e carinhos
Que autênticos vão te parecer,
Por causa da tua extrema necessidade,
Estoure a bolha o quanto antes...
Mas não adianta eu te dizer,
Você não vai poder perceber,
Você sabe, seu grande problema...
Tenha cuidado, esteja atento
Porque quanto mais se demore
Para se perceber
Que tal amor é um Placebo,
E deste modo a bolha quebrar,
Mais cacos dela se imiscuirão
Na fimbrias do teu coração,
Então, como uma criança perdida
Tu vás chorar,
Virá o desespero
E a vontade de se matar...
Mas mesmo morrendo
Os sofrimentos não morrerão,
Renascerão contigo,
E tu trarás olhos tristes
E imperfeições psicológicas
Mesmo que do outro lado
Tu demores mil anos terráqueos
Em recuperação,
Teus olhos vagos,
Tristes de um abandono,
Virão no teu rosto
Na tua próxima vida,
Numa nova tentativa de ser amado,
Em uma nova reencarnação...