Horas sem Amor...



O sol amanhece,
mas o galo não acorda
O relógio marca um tic tac incessante
Um som mortal de rajadas
De segundos mortais
O amor fica adormecido no irreal

Os minutos imperam como senhores
Do tempo fugaz, do silêncio de mora
Coabita o momento, primo irmão da era
Na atmosfera de vazios sem fim
O amor suspira anseios sem solução

Um dia inteiro, repasso eterno
Contraposto terno da candura ardil
Semear flores, colher joios, em horas a fim
ditames ferrenhos do senhor do tempo
esvaziando o santuário incólume
As horas passam, a plenitude avessa
O saber da alma que se arremessa
No precipício das nuances do breu
O amor ali estirado próximo à Extrema Unção

A morte é lenta e certa no dia a dia
Uma esquina casta profanada está
No vazio das horas que o silêncio abrolha...
O amor morre, mas sempre renasce...