CARTAS DE AMOR

Olho-te nos olhos de repente

tu retribuis-me o olhar

e somos uma pequena semente

há espera de germinar.

Meu amor não tem condições

para ser e se expressar

exprime-se a ambos os corações

no mesmo linguajar.

Tens madeixas no teu cabelo

os lábios cor de carmesim

de manhã tens um novelo

de tão enrolado não tem fim.

Levemente passeio no teu rosto

conheço todos os traços

e cheiras a breve mosto

quando cais nos meus braços.

Sorriso franco de menina

deixa-me deveras extasiado

és como uma concubina

que dorme serena a meu lado.

Quando falas é como se cantasses

rouxinol no beiral da janela

cantas tanto como se amasses

quem espreitasse por ela.

Teu puro silêncio de oiro

é por mim guardado com respeito

nas searas o milho é loiro

e está há espera do seu pleito.

No rio que corre para a foz

levas as tuas cartas de amor

nunca estarás a sós

enquanto as souberes de cor.

Jorge Humberto

18/05/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 18/05/2011
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