TEU BUSTO NA PEDRA

De cinzel em punho burilo

o teu rosto,

com cuidados extremos,

de quem ama aquilo que

vai nascendo de seu

escopro.

Traço a traço, traço-te

vida minha, arte pura e

paixão. Amendoados olhos

ficam cifrados na pedra,

cabelo desmaiando, ao

toque da espátula.

Teus lábios bem torneados

deixo-os semi abertos,

num leve, breve sorriso,

que esconde segredos,

que só eu desvendo, no

frisar do martelo.

Teu busto toma forma,

e eu me enalteço, pelo

trabalho feito, porque fui

fiel ao teu semblante,

de bochechas salientes

e tez da cor da pedra.

Pedra morena, que eu

fui buscar ao meu sonho,

e te realizei ser duplo,

acentuando levemente,

o risco de teus seios,

numa camisola de gola.

Por fim os acabamentos

e, de lixa na mão, retiro

os excessos e alindo teu

rosto, cheio de vida,

comparativamente ao

verdadeiro, que é feliz.

Jorge Humberto

05/04/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 05/04/2011
Reeditado em 05/04/2011
Código do texto: T2890971
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.