TEU BUSTO NA PEDRA
De cinzel em punho burilo
o teu rosto,
com cuidados extremos,
de quem ama aquilo que
vai nascendo de seu
escopro.
Traço a traço, traço-te
vida minha, arte pura e
paixão. Amendoados olhos
ficam cifrados na pedra,
cabelo desmaiando, ao
toque da espátula.
Teus lábios bem torneados
deixo-os semi abertos,
num leve, breve sorriso,
que esconde segredos,
que só eu desvendo, no
frisar do martelo.
Teu busto toma forma,
e eu me enalteço, pelo
trabalho feito, porque fui
fiel ao teu semblante,
de bochechas salientes
e tez da cor da pedra.
Pedra morena, que eu
fui buscar ao meu sonho,
e te realizei ser duplo,
acentuando levemente,
o risco de teus seios,
numa camisola de gola.
Por fim os acabamentos
e, de lixa na mão, retiro
os excessos e alindo teu
rosto, cheio de vida,
comparativamente ao
verdadeiro, que é feliz.
Jorge Humberto
05/04/11