AMOR FRAGILIZADO

Um armeiro experiente,

uma florista complacente,

apenas uma história mágica,

com consequências trágicas,

viciados em doses de lexotan,

filmes de bang-bang italiano,

em que não houve amanhã,

passariam despercebidos,

se não fosse o amor proibido,

para maiores de cem anos,

na terra do nunca mais;

se entregaram, contritos,

a luz de anônimos castiçais,

uniram carnes e espíritos;

inconsequente madrugada,

inusitado casal, ele: fugaz,

ela: possuida de vírgindade

atroz. Paixão solitária, demais...

amor, ignoravam o sentido,

outros sentimentos mais.

Como um iceberg sangrando,

foram se diluindo abraçados,

se dissolvendo pela fogueira,

lua nova, minguando,

dilacerados,

despencando pela ladeira;

por omissão de alicerce,

carência de prece,

ficaram no passado,

sairam do esquadro,

sairam de cena,

desfocalizaram-se, apenas!...

[gustavo drummond]