A Distância do Coração
Tentava medir a distância,
Entre um coração e outro,
Não conseguia desde a infância,
Pareciam separados por um fosso.
Nunca soube se as batidas,
Tinham ritmo diferenciado,
As minhas eram repetidas,
Era melódico e não cadenciado.
Poderia procurar na anatomia,
Mas eu sempre acreditei,
Que algo além se revelaria,
Foi quando num dia me deparei.
Os olhares se cruzaram,
Todo o corpo pareceu corresponder,
Era sentir dos que se amavam,
Foi uma recíproca de se querer.
Éramos dois no início,
Logo parecemos ser um,
Escapou aos sentidos,
Foi algo fora do comum.
Precisou apenas de um momento,
Quanto durou jamais saberia,
O próprio tempo foi suspenso,
Nada mais a nós importaria.
Foi revelada a distância,
Que há tantos anos,
Procurei com real importância,
Sem nenhum descanso.
Se mede um coração e outro,
Pelo que nós sentimos,
Sentindo muito ou pouco,
Assim nos medimos.
Quanto mais sentir,
Maior a proximidade,
Até o corpo diluir,
Só restando aproximidade.
Quanto ao número de batidas,
Isso será o menos importante,
Quando ocorrer a harmonia,
Não haverá nenhum distante.
Seremos arrebatados numa fração atemporal,
Eternizados pelo que foge a compreensão,
Marginalizados à qualquer redução racional,
Amantes que se unem em um só coração.