NUMA MANHÃ DE AMOR

Nas pálpebras assentidas de teus

olhos, por sobre a leve brisa do vento,

desviando o cabelo de teu rosto,

breve beijo deixo nos teus lábios,

segurando em teu colo tuas mãos

em cruz, na suavidade de tua pele.

Deixas fugir um sorriso de menina

e gesticulas pacientemente um jogo

de mãos e de braços, que eu calo

num abraço profundo, como se fora

o mar aqui e nossos corpos em

movimento, procurassem o seu porto.

Nos quatro cantos do quarto aberto

aos sonhos de anil e de marfim e de seda

despojamo-nos de resquícios de

roupa, que ainda insiste em tapar-nos,

como se houvesse pudor entre dois

amantes, que cobiçam a nudez purificada.

Entre lençóis de linho da cor do carmim

elevamo-nos ao prazer explícito,

que o amor proporciona, a quem ama,

sem preconceitos nem estigmas,

e o delírio toma conta de nós – assim –

até ao êxtase final, na ponta do cigarro.

É manhã lá fora; refulge o sol a horizonte;

e enquanto as pessoas deambulam,

de lá para cá, no caminho do trabalho,

nos tecidos amontoados de nossa cama,

agarrados um ao outro, acabamos

por adormecer, ouvindo longe o Rouxinol.

Jorge Humberto

09/03/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 09/03/2011
Código do texto: T2837413
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