Gracejo Lindo

Tua gélida face desmaia meu exílio,

Efêmero e divino é meu sonho obscuro

Onde sinto murchar a flor sem auxílio

E eu, durmo e sonho n’amor que perduro.

Porventura vê-lo sereno adormecido

Quem me dera... Estar a sua frente

Acariciando teu calmo rosto querido

Sob o acalento frágil aparente.

N’alvor em um gracejo d’horizonte

O sol se põe dormindo ao encosto

Talvez a lentidão adoentada desmonte

Ventura sombria embalando o suposto.

Em oceano, beira mar de luar estrelado

Morrerei tarde em azul do poente

Esvaindo como nuvens de céu estancado

O meu mais delirante amor inconsequente.

Tu, nuns olhos de homem misterioso

Lancinaste alvacentos propósitos meus,

Para a vida mostrar-ei um sorriso ditoso

Ao solene amor que um anjo me deu.

E juntos, ao luar n’um beijo errante

A noite dorme em cada minuto vindo

Eu sinto-o cingindo os braços adiante

Oh! Que gracejo d’oiro, gracejo lindo!

Leticia de Faria Trindade
Enviado por Leticia de Faria Trindade em 27/02/2011
Código do texto: T2818223
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