Gracejo Lindo
Tua gélida face desmaia meu exílio,
Efêmero e divino é meu sonho obscuro
Onde sinto murchar a flor sem auxílio
E eu, durmo e sonho n’amor que perduro.
Porventura vê-lo sereno adormecido
Quem me dera... Estar a sua frente
Acariciando teu calmo rosto querido
Sob o acalento frágil aparente.
N’alvor em um gracejo d’horizonte
O sol se põe dormindo ao encosto
Talvez a lentidão adoentada desmonte
Ventura sombria embalando o suposto.
Em oceano, beira mar de luar estrelado
Morrerei tarde em azul do poente
Esvaindo como nuvens de céu estancado
O meu mais delirante amor inconsequente.
Tu, nuns olhos de homem misterioso
Lancinaste alvacentos propósitos meus,
Para a vida mostrar-ei um sorriso ditoso
Ao solene amor que um anjo me deu.
E juntos, ao luar n’um beijo errante
A noite dorme em cada minuto vindo
Eu sinto-o cingindo os braços adiante
Oh! Que gracejo d’oiro, gracejo lindo!