AMOR DE OLHARES EM CHAMAS
Meu olhar adicionou o teu olhar
Teu olhar vislumbrou o meu olhar
O meu campo de visão se ampliou
O teu campo de visão se amorizou
E a amorização em nós fincou morada
Como fogo que na floresta se propaga
Amorizamos-nos no brilho intenso
Dos nossos olhares de amor
No horizonte imenso e denso
Que a pupila da paixão palpitou
E avistou para mais além do “eu”
Mais que paixão brotou o amor
Meu olhar e o teu olhar
Avistaram a vastidão que contém
E o alcance que tem o verbo amar
Quando olhares se misturam
E os corpos se procuram a dialogar
Com as linguagens que o amor sugere
Um toque de pele
Um beijo caliente
O tato e o contato de línguas e dentes
A pele e os pelos
A boca em desejo
O Olfato e o solfejo
No cheiro marcante da noite de amor
A escuta em sussurro
O gosto que aguça a fome
A fome que morde sem ferir
O paladar que não sacia
A paixão de corpos e almas
No pleno acasalamento em poesia
E o grande lamento desta cantoria
Faz-se com gemidos sentidos e ávidos
Sem muros de lamentações ou mágoas
Mas aflora com choro e saliva singulares
Com água que brota nos poros e no íntimo colo
Que irriga o caminho dos carinhos ardentes
Assim o meu olhar e o teu olhar
Tomam de conta da gente
Dar-se uma entrega mútua e fecunda
Que invade o corpo e a mente
Na poesia lancinante da noite
Que corta nossa carne como açoite