LIÇÃO DE CASA
Me perdi no tempo.
Já nem sei se fui ou sou.
Tudo que construí, parece
que se perdeu num tsunami.
Ondas gigantes, tremores...
suores ácidos.
Quando me vejo assim,
sem sentido e absolutamente
descabido, procuro alguém
pra culpar.
Mas não existe nada nem ninguém
que tenha mais culpa que eu.
Feito menino, fui fazendo artes
e reescrevendo mazelas.
Nem imaginava que existisse
Fernandos, Pessoas, Manuéis,
Bandeiras, Barros...Cecílias.
E a poesia se infiltrou em mim
como uma agulha de enfermaria.
Pingo a pingo fui aprendendo
a lição de casa.
Agora, sei menos ainda de mim.
Pelo menos, escrevo coisas
sem sentido neste momento.
Mas imortal me sinto.
Embora morra a cada instante.