POEMA NAS NUVENS
Pensei beijar-te nas nuvens
Voando a treze mil pés
Da janela uma enorme asa dura
Cortando nuvens cinzentas
Tu no acento ao lado
Lá embaixo a terra
A cidade vista do alto
A aeronave cortando o espaço
Tu entregues à novidade do vôo
Eu voando em pensamentos
O cenário mais bonito solto no ar
A gravidade agravando os tímpanos
Livres e presos ao chão da realidade
Presos e livres naquele momento singular
E no vôo imaginário meu pensamento flutuava
No desejo de beijar-te e chegar ao teu céu
De repente o batom em tuas mãos
Vai ao encontro dos teus lábios
Nossa! Que provocação sutil!
Como posso resistir e manter a compostura? Sinto-me nas alturas!
Resisto. Entrego-me aos pensamentos
Beijo-te. Sou o batom que cuidadosamente acaricia teus lábios
E o tom da felicidade é a tua voz
A reparar situações que deixaram marcas e dúvidas
O diálogo que se seguiu foi lindo e confortador
Tanta coisa pra dizer sem, contudo, expor a dimensão do amor...
A expectativa de ouvir-te é o sentimento maior
Explode a serenidade e uma alegria feliz invade
Passa o medo de voar, passam nuvens pelo nosso olhar...
Sorrimos juntos literalmente nas nuvens
Mas logo já é terra firme sem asas pra voar
E o sentido do vôo não queres assimilar
As aparências vão se mantendo
Pois é preciso preservar a lógica medíocre do que somos
Não importa que se abortem o amor
Não importa que se reprimam sentimentos
Não importa que se releguem os corações
O que vale é o império da razão
A razão manda e ordena
Mas infeliz razão que sem amor não vale a pena