AQUELE QUE EM FLOR TE QUIS

Não sei que sou ou fui,

sou um rio que flui,

entre o estar e o ser,

que a poucos tem dizer.

No oceano derradeiro,

de todos fui o primeiro –

ficou-me da vã Sorte,

a certeza, que é como à morte.

E se sou um sono de dormir,

minhas mágoas a carpir,

durmo em mim o que não há –

dum a outro lado, se bastará.

Tudo é vão, quanto consente.

Nunca fui feliz nem contente…

e se hoje me sinto a amar,

é porque antes, soube sonhar.

E se no sonho, doutro sonhei,

talvez tenha sido um rei,

ou a lua, quando desaparece,

que à manhã trouxe benesse.

Aquele, que em flor te quis,

como se traçasse a giz,

o teu rosto, que nem sei,

de tudo quanto eu te dei.

Jorge Humberto

31/12/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 31/12/2010
Código do texto: T2702267
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