Estrela cadente

A estrela desce,

cresce o meu desejo.

Te vejo, vens devagar...

A mágica cedo acontece,

parece que dança no ar.

A ansiedade que não passa,

o descompasso,

o começar.

E assim meio sem jeito,

me desfaço dos meus medos

e, ao tocar tantos segredos,

sinto o corpo a flutuar.

A avidez da tua boca,

a sede louca,

o deslizar...

A lucidez perdida,

em meio à vozes roucas:

Duas vidas a pulsar.

O Sal, o suor, o sabor...

Um gemido, quase dor,

um tremor, um suspirar...

A mágica aí se faz flor

e deixa o rastro no ar.

Nesse instante iluminado,

nossos poros tão colados,

se embriagam devagar.

E no tocar de nossas mãos,

dois corações, num só tom,

e o som do silêncio a reinar...

Adormeces...

Na maciez da pétala que descansa,

a mágica refaz a dança...

No céu, outra estrela desce.

Do livro Travessia.

zino mendes
Enviado por zino mendes em 14/12/2010
Código do texto: T2672032