Estrela cadente
A estrela desce,
cresce o meu desejo.
Te vejo, vens devagar...
A mágica cedo acontece,
parece que dança no ar.
A ansiedade que não passa,
o descompasso,
o começar.
E assim meio sem jeito,
me desfaço dos meus medos
e, ao tocar tantos segredos,
sinto o corpo a flutuar.
A avidez da tua boca,
a sede louca,
o deslizar...
A lucidez perdida,
em meio à vozes roucas:
Duas vidas a pulsar.
O Sal, o suor, o sabor...
Um gemido, quase dor,
um tremor, um suspirar...
A mágica aí se faz flor
e deixa o rastro no ar.
Nesse instante iluminado,
nossos poros tão colados,
se embriagam devagar.
E no tocar de nossas mãos,
dois corações, num só tom,
e o som do silêncio a reinar...
Adormeces...
Na maciez da pétala que descansa,
a mágica refaz a dança...
No céu, outra estrela desce.
Do livro Travessia.