O Anjo 3

Em ruínas meu corpo se deteriora a cada segundo

Incapaz de esboçar alguma reação

A culpa me pega pelo braço

Arrasta-me pelo Vale das Sombras

Consome minha existência

Seu olhar gélido impiedosamente predativo

Purifica meu corpo

Alimenta-se de minha alma

O corte feito pela rosa negra

Faz jorrar o sangue que banha o solo

Antes fértil, agora condenado

Marcas eternas, evidências de uma derrota

Um último suspiro, interrompido pela forte pancada

Que parece partir-me ao meio

Posta-me de joelhos

De frente para Ele

Levanta-se, caminha em minha direção

Sua enorme adaga tem sede em rasgar meu peito

À espera por uma última punhalada

Sinto uma voz doce me chamar

Mais uma vez surge O Anjo

Junta meus pedaços espalhados pelo chão

Na inútil tentativa de me libertar

Rega minha alma com esperança

Suas lágrimas escorrem por meu corpo

Curando minhas inúmeras feridas

Suas palavras renovam minha mente

Dão razão à existência

O improvável acontece

Retomo minha consciência

Me levando à crer que mesmo que eu a ame com todas minhas forças

Nunca seria suficiente para retribuir seus nobres propósitos

Irei muito além de minhas forças

O agradecimento virá a cada dia

Num ato de devoção eterna

Te faço um pedido

Mostrai-me o caminho que me leva à seu coração

(comente após ler)

Guilherme Moura
Enviado por Guilherme Moura em 30/11/2010
Reeditado em 30/11/2010
Código do texto: T2645142
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.