veredas
é estranho ver por que veredas meus olhos conduzem meus estímulos
ainda não convertidos em anseios.
o corpo dessa que olho agora através do espelho
é como se tão distante de mim estivesse.
tive minha seiva dentro dela, a dela escorreu em mim,
há uma luta para que essas marcas não desapareçam.
ela dorme e talvez sonhe com o prolongamento desse estúpido orgasmo
casa, filhos, contas para pagar.
olho para ela, decúbito dorsal,
o guerreiro se ergue na espada,
mas o coração ainda aponta para uma misteriosa penélope
tecendo armadilhas que me afastam mais.
o espelho se transforma, vejo-me sobre ela,
a libido para estrangular o coração,
dá dois tapinhas no chão, pede água,
se resigna.
ela acorda com a chave na ignição,
volta ao mundo como ágrafa,
desperta sussurros de um mundo que ainda não tem explicação.