meteoro
confesso que pude notar-te, meteoro inusitado,
quase figurante sob o tênue espetáculo de estrelas casuais.
confesso que seria mais, se não fosse menos
e o menos é muito mais no mais do menos programado
para ser a medida exata.
e o que importa a medida, se não tenho meio,
se subverto o carpe diem, se quero o longe
com o perto já seduzindo meus lábios,
se abdico da lança para tomar uma adaga,
se quero o contato, rasgue o que rasgue,
quero o ódio nos olhos da algoz,
não o lance de dados que resultou no meu fim.
quero o sangue do meu coração em tuas mãos,
quero macular-te com devoto amor.
quero mergulhar na profundeza da noite
acreditando que um dia seu sol se abrirá pra mim.