VIAGEM SENTIMENTAL (DE TREM) DA CENTRAL A MADUREIRA
Embarco na Central,
pensando que te amar é a coisa mais natural.
Depois, na Praça da Bandeira,
concluo, que te desejo, como se fosse a primeira.
Em São Cristóvão,
bairro imperial, te descubro remédio para o meu coração.
Passando pela Mangueira, estação primeira,
a alma é festa, a vida, gostosa brincadeira.
Mas eis que chego a São Francisco, não sei se de Assis ou Xavier?
Na dúvida, fico com o que mais me convier.
No Rocha,
meu amor faz-se fogo, enorme tocha.
De repente, sinto no ar um apelo,
olhando pela janela do trem, por sobre a grade do muro, descubro-me no Riachuelo,
que antecede o Sampaio.
Juro, se me deixares, eu desmaio.
Ah, o Engenho Novo,
que é velho, apesar do nome, mas não o meu amor, que é início, feito um ovo.
E o que rimar com o Méier?
Certamente, sem teu amor eu não posso viver,
pois, o trago bem guardado no Engenho de Dentro,
te pedindo por Piedade,
em desatino,
não me relegues à soledade.
Quase finda a viagem, chegando a Quintino,
imploro que removas a tua Cascadura,
trazendo ao nosso amor alento e cura,
pois, quando chegar à Madureira, berço da Portela,
quero cantar o samba que te fiz, para ouvires na janela.
- por JL Semeador -