VIAGEM SENTIMENTAL (DE TREM) DA CENTRAL A MADUREIRA

Embarco na Central,

pensando que te amar é a coisa mais natural.

Depois, na Praça da Bandeira,

concluo, que te desejo, como se fosse a primeira.

Em São Cristóvão,

bairro imperial, te descubro remédio para o meu coração.

Passando pela Mangueira, estação primeira,

a alma é festa, a vida, gostosa brincadeira.

Mas eis que chego a São Francisco, não sei se de Assis ou Xavier?

Na dúvida, fico com o que mais me convier.

No Rocha,

meu amor faz-se fogo, enorme tocha.

De repente, sinto no ar um apelo,

olhando pela janela do trem, por sobre a grade do muro, descubro-me no Riachuelo,

que antecede o Sampaio.

Juro, se me deixares, eu desmaio.

Ah, o Engenho Novo,

que é velho, apesar do nome, mas não o meu amor, que é início, feito um ovo.

E o que rimar com o Méier?

Certamente, sem teu amor eu não posso viver,

pois, o trago bem guardado no Engenho de Dentro,

te pedindo por Piedade,

em desatino,

não me relegues à soledade.

Quase finda a viagem, chegando a Quintino,

imploro que removas a tua Cascadura,

trazendo ao nosso amor alento e cura,

pois, quando chegar à Madureira, berço da Portela,

quero cantar o samba que te fiz, para ouvires na janela.

- por JL Semeador -

jlsantos
Enviado por jlsantos em 29/09/2010
Reeditado em 29/09/2010
Código do texto: T2526945