GATIADIAMIANDO

Para Adiana

A minha gatinha é de outro tempo,

Usa blusa rosa e chiquinha azul,

Tem uns olhos de salada de fruta

Com um sol bem no meio;

Minha gatinha é de outro planeta,

Mas não é um ET, é uma T T— uma Ternura Total, a minha gatinha!

Seu bigode é macio e há estrelinhas bem nas pontas

E quando eu a toco de jeito-inho ela fica toda ficada,

Seus pelinhos se arrepiam todos altos,

E ela me olha como quem pede mais,

Minha gatinha é demais:

Todo dia aprende um truque novo

E os faz para eu sorrir, ela e eu, seres tão distintos,

Mas unidos pelo simples ato de se estar juntos

Criando gatimanhas.

Minha gatinha tem garrinhas finas, afiadíssimas,

Com elas arranha o meu coração

Até sangrar, e eu deixo porque sei que a sensação

É de novelos de lã em um rosto cansado;

Quando vou trabalhar,

Minha gatinha sai de casa e fica correndo nas estradas afora,

Tenho medo que um carro atropéli-a,

Por isso fiz umas placas imensas nas estradas dizendo:

Cuidado!!!Gatinha levada correndo na estrada!!!

E ela sorrir de minhas palhaçadas,

E vem, e me mia, e me confunde, e me zoa, e me gatinifica os dias;

A minha amada gatinha é gatinhosa aos milhares,

Quando está carente sobe nos meus livros, rasga os meus poemas,

Estraçalha os meus CDs, fura os meus sonhos, mas eu..., eu...

Eu a pego no meu colo feito uma flor rara

E lhe dou afeto humano, cubro seu rostinho com beijos suaves só dela

E ela grongronneia gemidinhos felinos, ponho-a em seu leito,

Ela toca minha mão com suas garrinhas e me fere profundamente,

Do ferimento nascem rumores de Amor,

Anjinhos que voam, e ela tenta apanhá-los,

Mas eles fogem e se escondem bem atrás de minhas orelhas

E falam desejos comuns a nós dois, o tempo todo;

Ela fica procurando-os, e eu toco em sua cabecinha e digo:

—Gatinha levada, o que foi? Ela tenta pegar meus dedos

E eu a seguro pelas mãozinhas e encosto o meu nariz no nariz dela,

Ela mia e ficamos ambos brincando com a vida

Como se fôssemos eternamente um do outro

Nos bancos dos múltiplos lugares...

Hum, a minha gatinha é tão animadinha,

Cria canções com a coluna

E dança com a cabeça em portões com grades,

Faz caretas, caça peixinhos no ar, só para vê-los,

E se alimenta com risos e conversas tão longos

Que a vida é uma fita verde no estirão das ondas do vento,

Quando estou com ela sempre;

Não importa o horário e o sol ou a chuva, tudo é eterno com ela.

No silêncio ela sai e vai à ponte olhar o céu azul,

E eu olho por detrás de um esteio o seu olhar parado,

Permaneço calado só para vê-la bem de mansinho,

Ela fica quase uma estátua, mas basta ver uma borboleta voando,

Sai correndo e seus cabelos fininhos vão feito raios de sol

E dá para ver em seus movimentos a feminilidade de uma dama,

Minha gatinha é toda enrainhada de gatilindonia...

Tomara que o tempo seja nosso,

Tenho as horas todas contadas para ti!

Quando saio do trabalho e chego em casa,

E te vejo deitadinha no sofá,

Dormindo o sono de gata,

Cubro-te com meu cobertor e não me importo

Com teus pelinhos no meu rosto cansado, olho-te com amor,

A noite fica rubra,

Sei que é parte de minha vida simples,

E eu faço parte de tua vida felina: nas paredes de minha casa,

O teu cheirinho é o perfume que gera as flores das boas lembranças;

Cansadão... deito em minha cama, você percebe que cheguei,

Levanta, em um salto, de tua caminha no nosso sofá

E vem ao meu encontro, sobe na cama, eu durmo tranqüilo,

Anda por sobre meu corpo em um caminho que só você sabe,

Desce perto do meu rosto e nele lê uma mensagem: Pode entrar!

Nem bate, nem assovia, apenas toca meus lábios acarinhando,

Eu acordo, e nossos olhos se misturam:

Então sei que não sou mais Só!

MIRANIL MORAES TAVARES
Enviado por MIRANIL MORAES TAVARES em 10/09/2010
Código do texto: T2490034
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