Beijo D'Agonia
Na hipocrisia de mais um dia
Sonhastes tanto com o sonhar,
Resvalando em preguiça califasia
No luar, morrestes por beijar.
Eu morro simplesmente morro
Sombria, na brisa não há frio,
Apenas implorar-ei por socorro
Na viração d’um beijo vazio.
Navegava no seio da noite,
Quando o silêncio sabido
Tomar-me-ia em açoite
Nos teus níveos beijos perdidos.
Ao firmamento d’um coveiro,
N’ aqueles beijos ardentes de sedução
Por um momento, juvenil cavalheiro,
Tomar-me-ia morta n’o chão
Doutra vida pernoitou o ferro
Do trabuco e do punhal prateado,
Eis o beijo que queima e eu o enterro
Junto a meu corpo, bem ao meu lado.
Mas que o beijo enlace a dor vivente
Em meu ser de matéria impura,
E descanse em meu leito demente
Assolando a lágrima pálida de tortura.