Beijo D'Agonia

Na hipocrisia de mais um dia

Sonhastes tanto com o sonhar,

Resvalando em preguiça califasia

No luar, morrestes por beijar.

Eu morro simplesmente morro

Sombria, na brisa não há frio,

Apenas implorar-ei por socorro

Na viração d’um beijo vazio.

Navegava no seio da noite,

Quando o silêncio sabido

Tomar-me-ia em açoite

Nos teus níveos beijos perdidos.

Ao firmamento d’um coveiro,

N’ aqueles beijos ardentes de sedução

Por um momento, juvenil cavalheiro,

Tomar-me-ia morta n’o chão

Doutra vida pernoitou o ferro

Do trabuco e do punhal prateado,

Eis o beijo que queima e eu o enterro

Junto a meu corpo, bem ao meu lado.

Mas que o beijo enlace a dor vivente

Em meu ser de matéria impura,

E descanse em meu leito demente

Assolando a lágrima pálida de tortura.

Leticia de Faria Trindade
Enviado por Leticia de Faria Trindade em 03/09/2010
Código do texto: T2476708
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.