Declaração de amor

Pedro Henrique tenho algo a lhe dizer

Mesmo me sentindo meio tola

Mesmo me intimidando, erroneamente, frente a ti

Sei lá porque ocorre assim

Talvez por você ter esse jeito astuto de ser.

Talvez por seres tão belo

Talvez por seres pela beleza todo composto

Carregando contigo esse formato

Tão inteligente e tão persuasivo

Agora penso que talvez fora isso

Responsável por eu ir me calando

Nesses anos que foram passando

Besteira minha, bem sei,

Besteira minha filho, timidez.

Mas agora meu querido rapaz

Não posso mais

Não dá mais

Para calar e guardar comigo

Tudo que tenho a revelar:

Diante de mim paira uma luz

Iluminando diariamente meu caminhar

Confesso com imensa paixão

Que tu és o responsável

Pelos passos que dou pelas ruas

E, eu, na minha ilusão

Vejo que tu seguras minha mão.

Sei que pode soar um peso pra ti

Mas foi contigo que aprendi

A forma verdadeira

De como, em absoluto, humana ser.

Tenho mais a confessar

Desculpa, agora não posso parar: Sabias que quando tu eras pequenino

E me fitava com teu belo olhar escuro

Sorrindo deixando à mostra

Os dentinhos perfeitos

E as covinhas na face

Direita e esquerda

Eu as chamava de ‘buraquinho’

Ainda hoje carrega o mesmo sorriso

Ainda hoje carregas na face

Dos dois lados teus lindos buraquinhos.

Desculpa eu te falar isso

Mas eu quando era mãe novinha

Perante tanta coisa na vida que me prostrava

E sem saber direito o que fazer

Menos ainda o lado certo a escolher

Era embaixo do teu olhar

Que eu escolhia – tu me fornecias –

O descompromisso de acertar.

E eu ia lá

Fazia tudo direitinho

Acertava no caminho

Rumava direito

Caminhava pelo lado da rua

Tudo certinho

Conseguia me sentir

Uma mulher capaz

Conseguia me sentir

Uma mulher corajosa

Eu me sentia da paz.

Já na rua buscando nosso sustento

Enfrentava feras

Enfrentava feridos

Enfrentava tormentos

Ligava não porque sabia

Que de noite para mim tu sorririas.

Foste tu rapaz o responsável

Pelo crescimento dessa que a ti se declara

Mesmo receando aos teus olhos e pensamentos

Parecer piegas

Boba, diminuta

Mas sei que não

Teu coração é generoso

E carregas no teu peito compaixão.

Contigo conheci a tranqüilidade

Ao te amamentar diante da TV

Contigo aprendi a rir e sorrir

Tu sempre tinhas algo novo a dizer

Um humor apurado a declarar

Um humor apurado a comigo

E comigo e com o maninho dividir

Pra gente por pouco

Não morrer de rir.

Saibas menino que hoje

Mesmo me sentindo ainda meio envergonhada

De falar do amor que tenho por ti

É, esse amor que carrego em mim

Mesmo sendo menina crescida

Hoje encontrei coragem

Decidi botar pra fora

Nada me segurou

Claro, chegou a minha hora.

Digo-lhe rapaz

Você contribuiu para eu ser

Mais humana

Mais sensível

E fiel ao mundo real.

Dele não fujo mais

Obrigada rapaz

E nas minhas andanças

Na mais abstrata solidão

Além de carregar teu riso no peito

Carrego você por completo no coração.

Menino crescido obrigada mais uma vez

A ti ei de ser eternamente grata

Por tudo que aprendi

Por tudo que fui

Por tudo que serei.

Sei que ainda terei

Pelo caminho algo novo a aprender contigo

Será sempre assim

Só te peço que me dê

A chance de sempre dizer

O quão sou louca por ti.

Quero poder expor

A qualquer dia

A qualquer hora

Esse sentimento imenso

Meio insano, meio descompassado

Mas sincero, mesmo desregrado.

Afirmo agora para finalizar

Que esse amor rodeia o meu ar

E contribui todo dia

Para desse ar eu, mais sabiamente, aproveitar.

Desejo com propriedade

De mãe a mim concedida

Que teu caminho brilhe na luz

Que tua luz brilhe na paz

E que sejas sempre bom

Meu querido e sublime rapaz.