Dia após dia
Já fui riso doce.
Já fui poesia sentida.
Já fui só alegria.
Já fui primavera florida.
Já fui riacho raso,
Já fui lago profundo.
Já fui noite.
Já fui dia.
Mas depois de você,
Comecei a ser espera
Definhando dia após dia.
Se num dia me amavas
No outro esquecias.
Foram assim construídos
Todos os nossos dias.
De noite me dava as estrelas,
E o sol durante os dias
Mas depois recolhia.
Jamais acreditei
No amor que sentia,
Fingindo sentir
O que nunca queria.
Um amor especial
Que em meu peito nascia.
Era amor verdadeiro
Que dia após dia me devolvias.
Depois de tanta recusa,
Eu que já fui vida
Agora morria.
Tu encheste meu peito
De angustias fatais
Meus olhos de lagrimas
E meu coração
Não bateu nunca mais
Transformaste em pedra
Em mármore tão frio
Que jamais se aqueceu.
Se me querias matar
Porque não te apressastes
Para tirar-me a vida
Bastava um dia, não mais.
Mas fostes impiedoso
Matando-me lentamente,
Dia após dia.