AMANHECE NO RIO
Amanhece no Rio.
Nem calor nem frio.
Lanço-me à rua.
Apesar de muito cedo,
aproveito a hora nua
e degusto a cidade,
sem medo,
com carinho e autoridade.
Quase seis horas.
Quase escuro.
Anacrônicos comunistas
contemporanizam-se na sombra,
pixando no muro
um repto que ninguém mais se lembra.
Bem ao longe,
do alto do morro,
O Redentor a tudo assiste,
- do pivete que foge,
ao passante que pede socorro -
envolto na paz que não sabe ser triste.
O metrô, já lotado,
por entre luzes multicoloridas, flutua.
A mariposa, bêbada e tardia,
recusa-se a aceitar o dia.
Enquanto eu, beijo na boca retido,
desfaço-me na saudade, que é tua.
- por JL Semeador, em 23/07/2010 -