Sons que Confortam
Cada vez que meu coração se feria
E eu tinha de colocá-lo em repouso,
Era esse som que eu às vezes ouvia
Que me trazia um sono gostoso,
A chuva fina a cair gentilmente lá fora,
Nas pedras duras e na grama molhada
Garantindo meu sono até surgir a aurora
Mesmo que cinzenta fosse a alvorada.
Todas as vezes que a atenção era pouca,
E eu precisava descansar minha mente,
Ouvia o cantar do pássaro e sua voz rouca,
E me sentia melhor em ouvir, simplesmente.
Sempre que meu caminho parecia incerto,
E os problemas eram minha única companhia
Eu agradecia por ter outra voz por perto,
E o tamanho dos problemas, diminuía.
Cada vez que minha vida se fechava,
E em torno de mim barreiras se erguiam,
Mesmo, longe tua voz eu escutava
E mesmo que poucas, portas se abriam.
E por elas eu escapava, fugia, lutava.
Por elas eu passava, para levar a vida,
Para viver assim, de ouvido
De som em som, sem escala,
Sem nota, sem partitura:
Apenas meu queixo erguido,
A minha economia rala,
Essa vida aí tão dura,
E os cheiros que ela exala.
E o meu bem-querer protegido,
Pelo belo som da tua fala,
Que me conforta o ouvido,
Que me faz à prova de bala.