Erro de impressão
Penso que tiveste a impressão errada,
Pois alegas ter me ouvido um dia falar
Que serias pra sempre minha amada,
Ou algo assim, talvez similar.
Talvez a tinta estivesse manchada,
Quem sabe um pouco fora do lugar
Porventura uma tecla quebrada,
Ou por eu mal saber datilografar...
Leste mal, ou no seu jeito tão seu
De achar de forma tão sentimental
Que sabes muito mais que eu...
Julgaste-me e julgando, fizeste mal.
Pois que escrevi tanta coisa minha
E meu coração tanto se abriu
Mas a ti, em teu mundo, sozinha
Só mesmo teu reflexo se viu.
Enquanto eu ria dos teus enganos
E continuava a tecer meus versos
Te via vestida em belíssimos panos
E se consumir em ferozes protestos
Um dia olhei pela minha janela
E tu já não estavas mais lá
Às vezes pergunto, “onde andará ela?”
Ainda apressada, ou aprendeu a esperar?
E o tempo passou, continuei meu labor
Às vezes triste, outras vezes contente
E vislumbrei várias vezes o brilho do amor
Iluminando o caminho à minha frente
E cada vez mais, menos me lembrava
Do erro de impressão que tiveste de mim
E de um tempo em que eu te admirava
E que isso fazia sentido pra mim.