ORVALHADA DE SONHO
Um gota de orvalho matinal
Anuncia a sudade a chegar,
De mansinho, devagar!
Quase não dei conta que o Luar
Também teve na manhã seu final,
Nem que a folha de papel tisnado
Onde escrevi o poema,
Voou informe abraçado ao vento,
Sem rumo nem lema,
A caminho de um qualquer lado!
Num banco de jardim,
Companheiro da fria noite,
Leito do pensamento em turbilhão,
Choro meus sonhos de amor
Como quem carpe a ausência
De alguém que presente está,
Mas que o veloz tempo,
Que doi como sentimento
Deixou distância do além, acolá! .
Traz nas rugas das mãos trémulas
Acariciando meus cabelos ,
Palavras de conforto ou talvez de calor!
O desfiar das contas anuncia
Que o tempo passa, horas minutos
E para tras resta o proximo dia
Já quse desfeito em promessas e zelos!
Uma gota de orvalho - ou será de cristal?
Embeleza a pureza das anémonas
Enfeitiçadas com o lago seu berço!
Olha-me e epor vezes vou sorrir
Aquele pedaço de céu
Que neste momento é sómeu
Como é o universo que desvendo!
Mas , num recanto,
Escuto,ouço tua voz
E ela comigo se envolve,
Corre depressa, veloz
E os olhos ganham mais brilho
O corpo estremece, o coração é mais vivo
Porque sei que num breve contigo
Há o encontro e o desejo
Selado na frescura de um beijo
Do ereencontro que é meu agasalho
Como minha é aquela lágrima,
Aquela gota de orvalho.
José Domingos