MINHA RUA DE SAUDADE
MINHA RUA DE SAUDADE
Percorro a rua que me envolve
Através da neblina que me veste!
O chão refelecte o crepúsculo
De uma manhã onde procuro em vão
Pegadas de amor imáculo
Reflectido mudo nas pedras do chão!
Não sei se serão ninfas, vento,
Aquilo que em mim sinto tão profundo,
Que chego a pensar por momento
Se sou universo ou centro do mundo!
A rua de tão carcomida
De amores deambulantes vividos,
Segreda silêncios de vida
Carregados de aromas sentidos
Como sentidos são os beijos
Que a brisa afaga de mansinho!
Num banco, repousam desejos
Selados num abraço de carinho,
Ervergonhados, num recanto,
Mas atrevidos no gesto, no calor
Das mãos dadas, talvez no pranto
Quando a auência doi mais do que o amor!
A rua tem um céu de cetim
Vestido de estrelas cadentes no céu,
Ninguém passa ali onde eu vim
Agarrar meu sonho tão belo, só meu!
Chama-se talvez só viela
Mas avenida , estrada não o é,
Tem apenas uma janela
Aberta p'ra meu peito cheio de fé
De ali, naquele recanto
Encontre uma flor, uma melodia
Que me lave do meu encanto
E faça da minha noite, um dia!
As pedras da calçada vivem
Ecos de saudade, lágrimas em vão
Mas elas sabem, elas sentem
Esta dor que consome meu coração!
Velha rua, só, companheira
De minha sombra, de meu fado triste,
Ardendo na quente fogueira
Da fé que no teu silêncio resiste!
José Domingos