MINHA RUA DE SAUDADE

MINHA RUA DE SAUDADE

Percorro a rua que me envolve

Através da neblina que me veste!

O chão refelecte o crepúsculo

De uma manhã onde procuro em vão

Pegadas de amor imáculo

Reflectido mudo nas pedras do chão!

Não sei se serão ninfas, vento,

Aquilo que em mim sinto tão profundo,

Que chego a pensar por momento

Se sou universo ou centro do mundo!

A rua de tão carcomida

De amores deambulantes vividos,

Segreda silêncios de vida

Carregados de aromas sentidos

Como sentidos são os beijos

Que a brisa afaga de mansinho!

Num banco, repousam desejos

Selados num abraço de carinho,

Ervergonhados, num recanto,

Mas atrevidos no gesto, no calor

Das mãos dadas, talvez no pranto

Quando a auência doi mais do que o amor!

A rua tem um céu de cetim

Vestido de estrelas cadentes no céu,

Ninguém passa ali onde eu vim

Agarrar meu sonho tão belo, só meu!

Chama-se talvez só viela

Mas avenida , estrada não o é,

Tem apenas uma janela

Aberta p'ra meu peito cheio de fé

De ali, naquele recanto

Encontre uma flor, uma melodia

Que me lave do meu encanto

E faça da minha noite, um dia!

As pedras da calçada vivem

Ecos de saudade, lágrimas em vão

Mas elas sabem, elas sentem

Esta dor que consome meu coração!

Velha rua, só, companheira

De minha sombra, de meu fado triste,

Ardendo na quente fogueira

Da fé que no teu silêncio resiste!

José Domingos

Jose Domingos
Enviado por Jose Domingos em 16/04/2010
Código do texto: T2201769
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